sábado, 11 de agosto de 2012

amor na era digital:você tem gosto de quê?

E dando uma volta pelos magníficos textos dessa grande escritora Fernanda Mello encontrei esse belo texto e me senti na obrigação de compartilhar ,espero que gostem como eu me apaixonei!




Ah, não sei, não. O tempo do relógio não dá mais conta desse mundo. Você acorda e está lá: a cada dia uma nova invenção tecnológica é criada para enganar o deus Chronos. Olhamos pro lado e os bluetooths, wirelles, infra-vermelhos e conexões via satélite invadem nossas vidas e nos conectam com o planeta Terra num piscar de olhos. Palavras navegam por terra, água e ar e aparecem em tempo real para diminuir a distância e a solidão. Você liga o computador e: - Olá! Seu sorriso é visto do outro lado por uma webcam que te responde via Skype: - Bom dia! E assim seguimos: enviamos e-mails, falamos bobagens pelo orkut, lemos blogs, usamos o Google para tudo o que não sabemos, compomos, namoramos e trabalhamos pelo msn, montamos fotologs, compramos livros e Havaianas on-line, mandamos mensagens com fotos para o celular de amigas distantes, dizemos "eu te amo" com a velocidade da luz (não é esse o tempo de apertar "send"?). É, parece que, de repente, tudo que parecia estar longe, ficou mais perto. E confesso. Sou contraditória. Sou metade hippie, metade filha da família Jetsons (lembra daquele desenho onde a faxineira era robô?). Pois é. Quer me entender? Nem tente. Quero pé na grama e muita tecnologia! Já me vi perguntando a mesma frase várias vezes e acho que virou mania: moço, tem entrada pra USB? Resposta positiva? Alivio!! Minha vida está salva por um décimo de segundo! Vamos respeitar: existem futilidades tecnológicas deliciosas e quem disser que não, nunca sentiu o prazer inenarrável de andar pelas ruas de ipod como se fizesse parte de um clipe imaginário. Ou nunca pôde viajar pro meio do nada com um laptop, sabendo que poderá conectar-se à internet (mesmo que lenta) e mandar seu trabalho em tempo hábil, enquanto enterra os próprios pés na areia. Mas... TRIM! Nova mensagem de voz. Leio e me perco. O que será que me fez escrever esse texto cheio de bytes e palavras que se auto-corrigem? Hum... O coração avisa: é o vazio. Mesmo com essa rápida conexão que liga o mundo, eu nunca senti as pessoas tão desconectadas. Não só de si mesmas. Mas dos outros. Parece que a carência avança na mesma rapidez que a tecnologia progride. Muitas vezes decidimos manter relacionamentos com pessoas que juramos conhecer muito (mas que moram em outro hemisfério) sem ao menos sorrir pra aquele vizinho interessante que esbarrou em você. Eu não sou contra relações à distância, muito menos virtuais, cada um sabe de si e ninguém nunca vai entender o amor (graças a Deus!). Eu também não sou antropóloga, socióloga, psicóloga, nem perita em assuntos do saber. Eu apenas sinto. E o que sinto é que o mundo anda carente. Carente do real. Sem poses, frases copiadas e fotos corrigidas em photoshops Vem cá: a quem a gente quer enganar? Do quê a gente quer se esconder? Muito melhor usar a tecnologia a nosso favor e tomar apenas cuidado para não usa-la como barreira para camuflar nossos medos e defeitos. Afinal - vamos ser sinceros!- cheiro é cheiro, beijo é gosto, pele é química e eu não vou saber se te quero porque sua imagem de 480 pixels me deixou de boca aberta. Ah, não mesmo! Eu quero te provar. Literalmente. Palavra por palavra. Beijo por beijo. Frase por frase. Ao vivo e a cores.
(Sorte nossa que a tecnologia ainda não conseguiu plugar nosso coração).



                                                                                                                        

9 comentários:

Gugu Keller disse...

Tecnologia do paradoxo. Quanto mais aproxima, mais afasta.
GK

Fique mais um segundo... disse...

Oi, Aninha, boa noite!!
Lindo texto sim. Fez muito bem em compartilhar. Tudo que se criou nessa área, tudo que nos distrai e nos encanta nos caminhos cibernéticos, nas mensagens instantâneas, na mágica das telas... é justamente com o objetivo de preencher muitos vazios! O desafio do texto é: por que não falamos com o vizinho? Ora, se ainda tivéssemos vizinho por falar, a net teria menos graça. O mundo carece de pessoas próximas. As pessoas fisicamente próximas se tornaram tão distantes! Muitas pessoas próximas desiludem tanto às outras! Então, a luz no fim do túnel da esperança se acende quando alguém distante de repente fica tão próximo!
Eu nunca generalizo. Encontros podem se dar num mercado, na porta de um ônibus, na internet ou nos vizinhos próximos. O que importa é não fazer de um meio a única opção. O que importa é não generalizar. O que importa é de qualquer dessas formas chegar perto, falar, ouvir, perceber se é ou não a pessoa tão sonhada! O amor, quando não é apenas um interesse egoísta e baixo disfarçado, mas é um amor verdadeiro, é maravilhoso da forma que chegue!
Um beijo carinhoso
Doces sonhos
Lello

Most Desirable disse...

Hi, love your posts. Great blog. I am glad to follow. Great if you would follow back, thanks :) xoxo

Marta disse...

nada melhor que ao vivo e a cores!

Maíra disse...

adorei esse texto, fui logo no blog dela para ler mais :D

concordo e me vejo nisso! a tecnologia proporcionou muita coisa mas tirou também ;)

adorei! boa semana, beijos :*

Jorge Leandro Carneiro disse...

Aproxima tanto que acaba com a capacidade de sentir falta, mas a falta ainda está lá. O vazio progride como um câncer.

Gabriela Freitas disse...

A Fernanda Mello é demais!
Texto incrível, e como ela disse, devíamos usar a tecnologia a nosso favor, concordo com tudo o que ela disse, mesmo tendo certo pé atrás com envolvimentos on-line.

Fique mais um segundo... disse...

Oi, Aninha, boa noite!!
Muita falata das suas postagens!! Muita falta!
Um beijo carinhoso
Doces sonhos
Lello

Juliana Guedes disse...

Adoro os etxtos da Fernada são sempre lindos e nos leva a pensar.
A tecnologia ao mesmo tempo que nos aproxima afasta também.